SEJAM BEM VINDOS

Quem ama a Natureza, vai se apaixonar pelo Candomblé...Religião de matriz africana, que cultua todas as forças e elementais da Natureza. Sejam bem vindos e participem!

Obá Odé Kitalamyn

Este Blog Tem a finalidade de contar as minhas origens dentro do Candomblé, desde a pequena cidade nigeriana de Eniyawurá, até a chegada do Axé no Brasil, pelas mãos de Rufino (Ungibemin), passando por Hilário (Ojú-Obá), Mario Barcellos (Obá-Telewá), até chegar em minhas mãos.

Como dirigente máximo do Axé do Xangô de Ouro, hoje comando esta Família ! Este Blog vai mostrar a História do Axé, ilustrações, imagens, vídeos, membros, enquetes, fóruns, entre outras coisas. Faça parte deste universo. Seja bem vindo!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Rezas de Angola

Uma reza que invoca a Natureza,
para harmonizar a casa e trazer fartura!


Ô iumbú o bê di mê á...
Oh, ô luanga gui,
Kaiangô...

Iumbú auá ngangui,
Kaiangô


Ade sutú, ade sutu, ê Mametu,
Kaiangô!
Ade sutú, ade sutú, ê Tatetu,
Kaiangô!


Reza do Nkisse (Orixá) Kabila.
Pedindo proteção e fartura ao Caçador!


Bandalekongo, ê loango,
Ê maki macruz...
Bandalekongo, ê loango,
Ê maki macruz...

Krê, krê, krê
Krê krucilê,
É um passo loango, ê maki macruz,
Krê, krê, krê
Krê krucilê.
É um passo loango, ê maki macruz...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Orixás e Suas Regências (OXALÁ)

OXALÁ
(Nome similar na Nação Angola: LEMBARANGANGA - o mais velho - e LEMBA-DILÊ, o mais jovem)


Regência Subjetiva: A ansianidade, a liderança, o dom patriarcal. Oxalá está presente nos conselhos dados, nas relações pais e filhos, avôs e netos, tios e sbrinhos, professores e alunos, diretores, supervisores, gerentes e chefes com seus funcionários e comandados. É a plenitude da paz, do sono, dos sonhos, o cansaço, a ternura, a rigidez na educação. É a situação que acaba bem, em harmonia.

Regência Objetiva: É o Senhor da paz, do branco, princípio da morte, do fim. Considerado e chamado de Pai dos Orixás.

Orixás e Suas Regências (VUNGI)

VUNGI
(No Ketu, chamado de Ibeiji)

Regência Subjetiva: Vungi se encanta na infância tenra. Nas brincadeira de criança, na alegria extremada, na felicidade das pessoas. Também se encanta no canto dos pássaros, de crianças. É a brincadeira inocente, sem maldades. É a juventude em sua plenitude. Também, está presente nas intrigas, nas fofocas. É o sorriso incontido, na alegria desmotivada. Vungi manifesta-se nos pulmões, no coração e na boca..

Regência Objetiva: É o Senhor da Infância, dos doces e guloseimas. Regfe fundamentalmente a alegria, a infância e a juventude.

Orixás e Suas Regências (KITEMBO)

KITEMBO
(No Ketu, o Orixá que mais se assemelha é IROKO)


Regência Subjetiva: Nkisse (o mesmo que Orixá) da Nação Angola / Congo. Seu encanto está nas festividades populares, nos redemoinhos pequenos, que levanta poeira, na troca de informações e de coisas. Kitembo também é a mudança...a mudança do estado de espírito, de humor, de opinião. É o deslocamento das coisas. Kitembo está presente até mesmo da mudança de clima, de dias chuvosos para ensolarados e vice-versa, pois ele predomina nesses aspectos. É a brincadeira, o início de tumulto, a presença, pois está ligado também a aglomerações.

Regência Objetiva: É o Senhor das estações do ano (Verão, Inverno, Outono, Primavera). É o Nkisse Patrono da Nação Angola, onde se ergue uma bandeira branca, prersa a um enorme bambú, para deixar claro a origem daquela Casa de Santo.

Orixás e Suas Regências (NANÃ)

NANÃ
(Nome similar na Nação Angola: ZUMBARANDÁ)


Regência Subjetiva: É a precocidade, a temperança, a rabugice, a zanga, o conselho, o discernimento e a compreensão. Diz-se das moças que menstruam muito jovens, é um atributo de Nanã. Também se menciona muito os que dizem "compreensivo como Nanã", tamanha sua capacidade de ouvir, de compreender e ajudar as pessoas. Se encanta nas águas que caem do céu, na velhice, na paciência, na tranquilidade, na capacidade de organização, na criatividade de manter a ordem. Porém, está ligada a sentimentos de vingança e até mesmo de inveja.

Regência Objetiva: Senhora das Chuvas, dos pântanos, dos lamaçais e lodaçais. Orixá considerada precoce em tudo. Senhora da velhice e da compreesão. Senhora de Dassa Zumê e Akpamê, no antigo Daomé!

Orixás e Suas Regências (EWÁ)

EWÁ

Regência Subjetiva: Ewá se encanta nas tranbsformações, nas mutações de coisas, principalmente na água, mas está presente na mudança de tudo. É a dominante da beleza jovial, no jeito matreiro e manhoso. Encanta-se no entardecer, no choro, na alegria, na tristeza, no sorriso. Está ligada ao funcionamento dos rins. Se encanta também no amor e na paixão calma.

Regência Objetiva: É a Senhora das mutações da água do estado líquido para o gasoso; do gasoso para o sólido e do sólido para, novamente, o líquido. Rege os bons sentimentos e o bem estar, além da jovialidade. Filha de nanã e irmã gêmea de Oxumarê, é considerada uma eterna jovem. Ewá é uma Orixá da Nação Ewé Fon, da República do Benin, antigo Daomé.

Orixás e Suas Regências (OBÁ)

OBÁ

Regência Subjetiva: Obá faz encanto no ciúme doentio. Na discussão, na estratégia de luta, na determinação em vencer seus oponentes. Encabnta-se nas discórdias, nas discussões, assim como na construção de coisas. É o extremo, o exagero, a extravagância, o exacerbo. O amor apaixonado e fiel. É também a complacência com tudo aquilo que ama. Diz-se que também se encanta na colisão de coisas metálicas e também pedras. É a inundação, o exaspero, a tragédia e a calmaria ao mesmo tempo. É a contradição, a caminhada, a mudança de lugares, a viagem, a exploração. Tudo que envolve discussão por mudanças e construção, terá o encanto de Obá, pois ela está presente nestes aspectos.

Regência Objetiva: Senhora das enchentes, da guerra, dos extremos.

Orixás e Suas Regências (YEMANJÁ)

YEMANJÁ
(Nome similar na Nação Angola: MAMETO KAITUMBÁ)


Regência Subjetiva: Yemanjá está presente nas relações de mães com seus filhos, avós, com seus netos, tias com seus sobrinhos, professoras com seus alunos, diretoras, gerentes e supervisoras com seus funcionários. É a proteção e manutenção das casas de famílias e empresas, onde há grupo de pessoas. Yemanjá está presente quando a criança aponta a cabeça para nascer, pois é dela a regência do nascimento. É a liderança, a perseverança, a organização, assim como a falta dela. Yemanjá também é a serenidade, o comando, a explicadora, a orientadora, a matriarca, a gentileza, a obstinação, a determinação em seus objetivos.

Regência Objetiva: Senhora dos mares e dos lares. Plasmadora das cabeças. Mãe dos Orixás. Orixá de grande personalidade. A figura da mãe.

Orixás e Suas Regências (OXUM)

OXUM
(Nome similar na Nação Angola: KISSIMBI)


Regência Subjetiva: Oxum é a célula já dividida, em mutação, que irá gerar uma vida. É a gestação, o amor, o sentimento fraterno, a beleza meiga, é a arte de cozinhar, de criar. Oxum é o amor sedimentado e firme. Oxum rege a arte mágica de cada um de nós. Aquela que esteve mais próximas das feiticeiras, chamadas de Yiamís Oxorongás. É a coquete, o encanto feminino e também o masculino. É o ciúme calmo, resignado, a docilidade, a meiguice. É também a luta pelo grande amor, pois jamais desiste. Encanta-se nas jóias de ouro, nos eventos que envolvem casamentos, noivados, comemorações em família e tudo aquilo que envolve um sentimento real, verdadeiro e forte!

Regência Objetiva: Sengora das águas doces, principalmente as cachoeiras. Orixá que é Patrona do amor e da beleza. Senhora do ouro, das riquezas e mentora da gestação.

Orixás e Suas Regências (LOGUN-EDÉ)

LOGUN-EDÉ
(Nome similar na Nação Angola: TERÊ-KOMPENSO)


Regência Subjetiva: Logun-Edé é a beleza em pessoa. O encanto dos jovens, o namoro, o flerte. Logun-Edé rege a ingenuidade dos jovens adolescentes, a beleza adolescente. Seu encanto está no primeiro beijo, no primeiro abraço, na primira "mãos dadas", enfim, no primeiro carinho. Está presente no brilho do olhar, no perfume das flores, na paisagem singela. Logun-Edé também é a intriga maldosa, pois é capcioso, intrigante, matreiro, inventivo, de jeito moleque. Rege basicamente o carinho, o afago o gesto meigo, já que é a definição da carência, da dependência, da ternura e da manha. Logun-Edé represente fundamentalmente a adolescência em sí, por ser ele igualmente adolescente.

Regência Objetiva: Senhor dos rios, Príncipe das Artes, da jovialidade. Filho de Oxossi iBualamo e de Oxum Iepondá. É o regente da música, do rítmo.

Orixás e Suas Regências (IANSÃ)

IANSÃ
(Nome similar na Nação Angola: MATAMBA)


Regência Subjetiva: Iansã está presente nas paixões, na defesa das famílias e na luta pela defesa de crianças também. É a alegria espalhafatosa. Iansã, ou Oyá, como queiram, é a brisa leve, o olhar penetrante no desejo incontido, na loucura e no desatino. Iansã é apalavra dita sem pensar. Se encanta nos sentimentos descontrolados, na conquista amorosa, no desafio, na disputa pelo amor e pela paixão. Iansã de fato é o descontrole emocional, mas em contrapartida é a criação da estratégia da vitória e da conquista. É o encanto da beleza que atordoa...

Regência Objetiva: Senhora dos Ventos, do fogo, dos raios, dos coriscos, dos ciclones e redemoinhos enormes. Patrona dos Eguns (desencarnados). É a Orixá das mudanças e também da paixão.

Orixás e Suas Regências (XANGÔ)

XANGÔ
(Nome similar na Nação Angola: NZAZE-LOANGO)

Regência Subjetiva: A atuação e a manifestação (movimentos) nos Fóruns Judiciais. A estratégia da luta, da riqueza, da nobreza. A ostentação, o nervosismo pela sensação de posse e propriedade. Xangô é capacidade inventiva, a liderança, o mando, a ordem dada a disputa com determinação. É a insolência, a soberba. Xangô se encanta nas coisas judiciais e policiais como nas delegacias, nos Ministérios Públicos, nas Assembléias Legislativas, nas Câmaras de Vereadores e Deputados, no Senado, na política enfim. É o projetista, o elemento primordial das construções, o progresso cultural, a rigidez, a discussão pela melhora, a capacidade intelectual e o crescimento profissional.

Regência Objetiva: Senhor da justiça, dos trovões, dos coriscos e raios. Senhor das pedreiras e das montanhas. Monarca por natureza! É considerado um Orixá de granbde comando. Patrono do meu Axé.

Orixás e Suas Regências (OBALUAÊ)

OBALUAÊ/OMOLÚ
(Nome similar na Nação Angola: KAVIUNGO)

Regência Subjetiva: A doença e a cura. A coceira, o comichão, as erupções da pele, a atitude ranzinza, a introspecção, a reserva, a observação silenciosa, o segredo, a calma aparente, o estudo isolado e o próprio isolamento. Obaluaê é a funcionalidade da bexiga, do fígado, dos intestinos, nos males e na cura desses órgãos.

Regência Objetiva: Senhor da terra. Pai da Varíola. Mestre das doenças e das curas. A ele se dedica o silêncio, o plano respeito. Senhor de Ijí. O Orixá coberto de palha da Costa. Obaluaê (Obá: Rei...Oluwô: Senhor...Ayê: Terra), ou seja, Rei e Senhor da Terra, ou Omolú (Omo: Filho...Oluwô: Senhor), Filho e Senhor...É um Orixá dos mais respeitados e reverenciados. Originário da Nação Ewé Fon (gêge, como é mais conhecida), foi incorporado pelos Ketus e na Nação Angola é conhecido como Kaviungo.

Orixás e Suas Regências (OXUMARÊ)

OXUMARÊ
(Nome similar na Nação Angola: ANGORÔ)

Regência Subjetiva: O homem que vive atrás do dinheiro, que trabalha para seu sustento, não imagina que tem a influência desse Orixá diariamente ao seu lado. Oxumarê está presente em tudo que envolve dinheiro, ganhos e até mesmo perdas. Está presente no pagamento de contas, no recebimento dos salários, de honorários, no recebimento de prêmios, nas despesas em geral. É o perde/ganha do homem! É o elemento das negociações feitas pelos homens. É a dissimulação, a intriga, a fofoca, muitas vezes, a irresponsabilidade, o desleixo, mas é também o conselho dado, a administração de negócios, o movimento das coisas. É isso e muito mais!

Regência Objetiva: É o Senhor do Arco-Íris, do dinheiro, da riqueza. A cobra - macho e fêmea -; senhor do antigo Daomé (hoje República do Benin), Mestre da Nação Ewé Fon. Orixá também das transformações...

Orixás e Suas Regências (OSSÃE)

OSSÃE
(Nome da Divindade na Nação Angola: KATENDÊ)

Regência Subjetiva: É a folha terapêutica, o processo de mistura de elementos, na manipulação de fórmulas. Ossãe é o estudo pormenorizado das pesquisas científicas, principalmente aquelas que envolve vacinas, manipulação de ervas e vegetais. É a dedicação de estudos, a fórmula mágica, a ingestão de remédios, a ação dos mesmos no organismo e o princípio da cura, da convalescença. Ossãe é a trilha das matas, os chás, as infusões.

Regência Objetiva: Senhor das ervas, das curas, o encanto das obrigações dentro das Casas de Santo. A afirmação "K'OSSI EWÁ...K'OSSI ORIXÁ" (sem folha não há Orixá), fica bem definido aquilo que Ossãe é. Orixá da manutenção do Axé...da manutenção da própria Religião!

Orixás e Suas Regências (OXOSSI)


OXOSSI
(Nome da Divindade similar da Nação Angola: KABILA)

Regência Subjetiva: A provisão, o trabalho duro, o zelo pela família. A ligeireza, a habilidade, a espreita, a estratégia, a astúcia, a capacidade de observar seus objetivos. Está presente nas refeições, na criação da família e na proteção desta. Oxossi é a semente, o vegetal em ponto de colheita. É o dinamismo, o otimismo, a certeza da vitória pela insistência e determinação. Oxossi se encanta nas artes, de cantar, de compor, de esculpir, de pintar, de escrever e de dançar. Orixá de encanto pessoal forte.

Regência Objetiva: Oxossi é o Senhor da caça, das florestas, das matas, da provisão, da liderança. Substituindo Orixá Okô que não tem culto no Brasil, torna-se também o patrono das plantações e das colheitas.

Orixás e Suas Regências (OGUN)

OGUN
(Divindade Similar da Nação Angola: NKOSSI-MUKUMBE)

Regência Subjetiva: Ogun é o choque dos metais, o sangue que circula nas veias, a ira, a raiva, a possessão extremada, o trabalho efetivo e braçal, a disputa, as contendas em geral, os jogos. Ogun é a fundição de metais, o trabalho nas oficinas, nas metalúrgicas, nas funilarias, nos estaleiros. Encanta-se nas ignições das máquinas, nos movimentos de carroças, dos veículos, navios e aviões, enfim, de qualquer máquina que se move. Se encanta até mesmo no ato de se acender um fósforo ou isqueiro, pois requer atritos. Ogun é a ira pelo ciúme também e o desejo de destruir, demolições.

Regência Objetiva: Ogun é o Senhor dos Metais, senhor da guerra e das contendas. Orixá da luta, da disputa, do domínio, da obstinação e da determinação. É também caçador, assim como seu irmão mais novo, Oxossi.

Orixás e Suas Regências: EXÚ

A regência dos Orixás se classificam em "Regência Objetiva", que é aquela que conhecemos normalmente, que liga o Orixá a uma determinada força da Natureza e a "Regência Subjetiva", que é aquela que está presente em cada situação de nossas vidas.

É verdade...nas mínimas coisas, nos mínimos acontecimentos do nosso cotidiano, estará um encantamento de Orixá. Seja num ato de acender um fósforo, seja na decolagem de um avião. Vamos conhecer tais regências...Orixá por Orixá:

EXÚ
(Nome da Divindade similar da Nação Angola: KARIAPEMBA / ALUVAIÁ)

Regência Subjetiva: Exú está presente no pênis ereto, na penetração, na ejaculação e na fecundação do espermatozóide no óvulo. Exú rege subjetivamente o estado nervoso das pessoas e até mesmo dos animais. É a boa idéia, a agitação, a estratégia de vida, a bresignação e a indignação. É o deslocamento, a velocidade...está presente nas gargalhadas, nas piadas, nas rodas de conversa com amigos. Encanta-se na ingestão de bebidas alcoólicas, nas festas, nas comemorações, nas multidões. Age sempre na garganta, na faringe e laringe, assim como nos órgãos sexuais masculinos.

Regência Objetiva: Exú é o Senhor dos caminhos; Orixá da comunicação. Elo de ligação do homem com os demais Orixás. É o guardião das casas, dos templos, das cidades. É o princípio da vida e o primeiro a ser oferendado.

Natureza...Somos Parte Dela!

Muitas vezes questiono as conclusões de minha própria religião. O Candomblé cultua a Natureza! Melhor não seria dizer "O Candomblé é a Natureza" ?

Bem, afinal de contas, tudo que existe neste mundo, é parte da Natureza. Os seres vivos, por exemplo. Humanos, animais, vegetais...somos parte de um todo, que chamamos de Natureza. Somos uma das espécies deste maravilhoso manacial que Deus criou! Indiscutivel...


Por mais que venhamos a afirmar que a Religião do Candomblé cultua a Natureza e que é a única Religião genuinamente ecológica, devemos nos ater para o fato de que fazemos, sim, parte dela e devemos cultuar a nós mesmos, dentro de padrões lógicos e aceitáveis. O homem que se respeita, que toma conta de si. O homem que preserva sua vida, que luta para viver melhor, honestamente, está cultuando esta espécie...sua própria espécie! O Candomblé me ensinou, desde tenra idade, que devemos cultuar, respeitar e amar as florestas, os ventos, as cachoeiras, o mar, os rios, as nuvens, as chuvas, a própria terra. E assim faço...

Cabe apenas ao ser humano cultuar a si mesmo, com o parte das forças naturais, respeitando a si mesmo e seu semelhante. Isso é uma espécie de culto. Se assim for, com certeza estaremos atingindo a plenitude da vida. E certamente nossa Religião estará ainda mais completa...e cada vez mais linda!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

BREVE HISTÓRIA DA MINHA FAMÍLIA

O Talismã do Axé chegou ao Brasil pelas mãos de Rufino (Ungibemin), iniciado para o Orixá Obaluaê Azoani, que iniciou Hilário Reimídio das Virgens, Ojú-Obá (foto), seu neto carnal, que era de Xangô Airá Intilé. Quis o destino que meu pai, Mario Barcellos, em trabalhos profissionais em Salvador, conhecesse Mestre Hilário e por suas maõs, nasceu como Obá Telewá de Xangô. De volta ao Rio de Janeiro, meu pai trouxe com ele Hilário Ojú-Obá e fundou a Roça do Xangô de Ouro, onde iniciou mais de 250 filhos de santo. Em 1966, na sede da Roça da Rua Pernambuco, Bairro de Quintino no Rio, Mario Barcellos recolheu o "barco dos 13", e nele estava eu, na posição de Gamo (o quinto na ordem), quqndo fui raspado para Oxossi Ibualamo.

De lá pra cá, outros e mutos barcos foram recolhidos e a Família Eniyawurá no Brasil cresceu e prosperou. Num dado momento da história, Xangô determinou a passagem do Talismã do Axé para minhas mãos, quando foi fundado o Palácio Azul de Ibualamo - Ilê Axé Kitalamyn, no Rio de Janeiro, cidade de Nova Iguaçú, no Bairro Rosas dos Ventos. O Axé se manteve e cresceu...originou outras Casas e vem crescendo dia após dia.

Mario Barcellos (Obá-Telewá), faleceu em 2007, mas seus ensinamentos, seu trabalho, sua memória e os fundamentos do Axé Xangô de Ouro se mantém firme e sólido, com promessa de crescer ainda mais. As novas gerações estão ganhando maturidade espiritual e darão continuidade ao Axé e assim será até o final dos tempos, pois estamos cobertos pelas Forças da Natureza, pelos Orixás, pela determinação e amor ao Candomblé. Como disse antes, novas gerações já ganham força, já se preparam para dar continuidade ao crescimento de nossa Família e assim será, pela força de Xangô e Oxosi!

(foto Mario Barcellos - de branco - e Ibanajé (Djalma) meu pai pequeno)

Filhos de Oxossi...

Ser filho de Oxossi é ter a convicção de que a fartura sempre estará presente!

Ser filho de Oxossi é ter apersonalidade do Caçador...aquele que pesquisa, que espreita, que observa, que estuda, antes de agir. É estar sempre alerta para tudo! É saber o momento certo de agir.

O Caçador é arisco, inteligente, sagaz, rápido, inteligente, matreiro, observador, que sabe muito bem fazer o encanto e dominar toda a situação em sua volta.

O Caçador sempre é belo, vistoso, majestoso, controlado, dominante, astuto, leal, justo e sereno. Os filhos de Oxossi são assim...também passionais, apaixonados, misteriosos, amigos, preocupados com a família...provedor de sua tribo.

"Bociarê! Aun xê kokê, Odé! Okê Arô!!!"









Explicando Definitivamente o Candomblé / Animismo

Como já foi explicado por muitos estudiosos, o Candomblé / Animismo é uma Religião que cultua fundamentalmente a Natureza. No Brasil, o Animismo ganhou o nome de Candomblé...o Culto ao Orixá, que é a mesma coisa que Culto à Natureza. Porém, podemos explicar resumidamente o Animismo e/ou Candomblé, em três itens:

MITOLOGIA; LITURGIA; LÓGICA PLENA.


MITOLOGIA – O Animismo não criou livros, manuais. Trata-se de “TRADIÇÃO ORAL”. E os antigos africanos, para melhor se fazer entender aos mais jovens, personificou cada força da natureza, cada Orixá. E assim, as passagens de cada um deles, por milênios, foi sendo passada de pai para filho, e assim por diante.


LITURGIA – Os cânticos, os toques e oferendas se baseiam em cada uma das forças elementares da Natureza. Os rituais homenageiam o vento, as águas doces, o mar, a floresta, as pedras, as montanhas, os rios, a chuva, os raios, os trovões, enfim, todo movimento natural. A cada um deles, um procedimento litúrgico e milenar.


LÓGICA PLENA – O Animismo, embora poucos se atenham a este detalhe, se baseia na lógica, que difere completamente do mito. O Animista ensina que fazemos parte da Natureza e, por assim dizer, os Orixás atuam nos mínimos movimentos, sejam externos, no ato de misturar-se condimentos ou no ato de se acender uma fogueira, como no interno, ou seja, no funcionamento de nosso organismo, que sustenta a vida.


A Liturgia sustenta a Mitologia. A Lógica Plena é a função essencial do Animismo/Candomblé. É assim que funciona. Um grande segredo que na verdade está em todo lugar, para todos verem. Basta querer entender.

OS ODÚS E A CRIAÇÃO DO MUNDO

Odu quer dizer destino, signo, karma...

Olorun, o Deus Todo Poderoso, criou para este Planeta 16 odus principais, ou seja, 16 destinos possíveis. Cada um dos principais desdobra-se em 16, chamados de Omo-Odu, perfazendo um total de 256 odus. Cada um dos odus principais vai delinear uma situação, um objetivo, virtude e defeito. A Lógica desses 16 odus diz que cada um deles foi criado para dar corpo aos adjetivos bom, mau, feio, bonito, forte, fraco, triste, alegre e assim por diante, influenciando diretamente no comportamento de tudo aquilo que tem vida. Cada um deles carrega consigo um ponto de explicação determinado, assim definido:

Okanran – A Insubordinação

Eji-Okô – A Dúvida

Etá-Ogundá – A Obstinação

Irosun – A Calma

Oxé – O Brilho

Obará – A Riqueza

Odi – A Violência

Eji-Olíne – A Intranqüilidade

Ossá – A Alienação

Ofun – A Doença

Owanrin – A Pressa

Eji-Laxeborá – A Justiça

Eji-Ologbon – A Meditação

Iká-Ori - A Sabedoria

Ogbé-Ogundá – O Discernimento

Alafiá – A Paz

Os estudos sobre a Mitologia inca dizem que o 4 é o número de fixação, o número energético, o número magnético do planeta Terra. Este número multiplicado por ele mesmo, resulta 16, coincidentemente a mesma quantidade de odus principais, coincidência igual à questão da criação do mundo, segundo os nagôs. Para eles o mundo teria sido criado em 4 dias. Quatro também é a semana ioruba, ou seja, nagô, Olorun, então, teria criado quatro odus por dia, danto um total de 16, em quatro dias:

1º dia: Okanran, Eji-Okô, Etá-Ogundá e Irosun.

2º dia: Oxé, Obará, Odi, Eji-Okíle.

3º dia: Ossá, Ofun, Owanrin e Eji-Laxeborá.

4º dia: Eji-Ologbon, Iká-ori, Ogbé-Ogundá e Alafiá.

Desta iniciativa de Olorun, de criar 16 destinos possíveis, conclui-se que seu objetivo foi proporcionar personalidade a tudo a que ele mesmo deu vida, dar capacidade de comportamento a estes seres, uma vez que sabemos que tudo aquilo que tem vida, seja animal ou vegetal, tem a regência de um Odu, melhor, tem o seu destino delineado previamente.

Falamos de animais e vegetais mais confortavelmente. Deixemos por ora os minerais em compasso de espera, uma vez que os estudos sobre estes ainda não estão concluídos.

Olorun, através de suas divindades trabalhadores, de seus Arcanjos, fez o mundo. Criou a Terra, a Água, o Ar e o Fogo, os 4 elementos da Natureza (novamente confrontamo-nos como o número 4). E os elementos provenientes destes quatro elementais formaram as demais coisas vivas deste planeta.

Atribui-se a cada elemento principal quatro odus, ou seja, quatro destinos a eles ligados, que estariam assim distribuídos:

Terra – Irosun, Obará, Eji-Laxeborá e Iká-Ori.

Água – Eji-Okô, Oxé, Ossá e Eji-Ologbon

Ar – Eji-Oníle, Ofun, Ogbé-Ogundá e Alafiá.

Fogo – Okanran, Etá-Ogundá, Odi e Owanrin.

Voltamos à criação do mundo e dos odus na semana ioruba. No primeiro dia, foram criados os seguintes ogus: de Fogo (Okanran); Água (Eji-Okô); novamente o Fogo (Etá-Ogundá) e Terra (Irosun). No segundo dia Olorun criou mais quatro odus> Água (Oxé); Terra (Obará); Fogo (Odir) e Ar (Eji-Oníle). No terceiro dia foram criados os odus: Água (Ossá); Ar (Ofun); Fogo (Owanrin) e Terra (Eji-Laxeborá). No último dia, Olorun ratou da criação dos odus: Água (Eji-Ologbon); Terra (Iká-Ori); Ar (Ogbé-Ogundá) e novamente Ar (Alafiá).


A Lógica diz que cada um dos quatro odus criados por dia, corresponderia a cada um dos elementais, isto, de fato, aconteceu no segundo e terceiro dias como pode ser visto, mas houve mudanças, tanto no primeiro dia de criação, quando foram criados dois elementos Fogo, como no último dia, onde o elemento Ar aparece também duas vezes.

Por coincidência, isto veio a determinar os dois pólos de Panteão dos Orixás, onde aparecem: (a) Exu, como primeiro pólo, princípio ativo da vida, primeira chama do Universo, cujo elemento é o Fogo; e (b) Oxalá, que é o elemento último da corte dos orixás, princípio ativo da morte, o último suspiro de vida, cujo elemento é o Ar.

A Lógica da criação do mundo, segundo os sábios africanos tem, assim, bastante clareza, pois Olorun criou os odus, quatro por dia, em quatro dias, perfazendo 16 odus. Se levarmos com conta o provérbio “onde há fogo, há vida”, veremos que foi necessário a criação de dois odus ligados ao elemento Fogo, logo no primeiro dia, para que a vida tivesse força, melhor dizendo, para que o Fogo fosse o elemento de grande força de impulsão da vida. Olorun, então, deu equilíbrio de forças nos dois dias subseqüentes, criando odus ligados aos quatro elementais da natureza e, por fim, terminou no quarto dia criando os quatro odus, dois deles, entretanto, ligados ao elemento Ar, o que determinaria a força que se esvai. Explicando melhor: Ar, último suspiro de vida. Dois elementos Ar, no último dia. É o oposto da criação do primeiro dia. Se o Fogo confirma a vida, o Ar vai confirmar a morte, o fim da vida. Por este motivo é que Exu, o primeiro Orixá a ser criado, é o elemento Fogo, ligado à fecundação, ao princípio da vida, e que Oxalá, o último Orixá a ser citado, é o elemento Ar, ligado ao brando que é o luto, morte, o princípio do fim daquilo que vive.

O estudo de Odús no Brasil é restrito a alguns poucos Babalorixás e Yalorixás (Zeladores de Orixás), assim como a Oluwôs (chamados de videntes, ancião, manipuladores dos Búzios e Opelé-Ifá – que é outro tipo de oráculo). Mas com certeza, nascemos e vivemos sob a Numerologia dos Odús, sob sua influência...isso é certo!

Texto extraído do livro:

“OS ORIXÁS E O SEGREDO DA VIDA”

De Mario Cesar Barcellos

Pallas Editora - RJ