SEJAM BEM VINDOS

Quem ama a Natureza, vai se apaixonar pelo Candomblé...Religião de matriz africana, que cultua todas as forças e elementais da Natureza. Sejam bem vindos e participem!

Obá Odé Kitalamyn

Este Blog Tem a finalidade de contar as minhas origens dentro do Candomblé, desde a pequena cidade nigeriana de Eniyawurá, até a chegada do Axé no Brasil, pelas mãos de Rufino (Ungibemin), passando por Hilário (Ojú-Obá), Mario Barcellos (Obá-Telewá), até chegar em minhas mãos.

Como dirigente máximo do Axé do Xangô de Ouro, hoje comando esta Família ! Este Blog vai mostrar a História do Axé, ilustrações, imagens, vídeos, membros, enquetes, fóruns, entre outras coisas. Faça parte deste universo. Seja bem vindo!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Orixás e Suas Regências (OSSÃE)

OSSÃE
(Nome da Divindade na Nação Angola: KATENDÊ)

Regência Subjetiva: É a folha terapêutica, o processo de mistura de elementos, na manipulação de fórmulas. Ossãe é o estudo pormenorizado das pesquisas científicas, principalmente aquelas que envolve vacinas, manipulação de ervas e vegetais. É a dedicação de estudos, a fórmula mágica, a ingestão de remédios, a ação dos mesmos no organismo e o princípio da cura, da convalescença. Ossãe é a trilha das matas, os chás, as infusões.

Regência Objetiva: Senhor das ervas, das curas, o encanto das obrigações dentro das Casas de Santo. A afirmação "K'OSSI EWÁ...K'OSSI ORIXÁ" (sem folha não há Orixá), fica bem definido aquilo que Ossãe é. Orixá da manutenção do Axé...da manutenção da própria Religião!

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Explicando Definitivamente o Candomblé / Animismo

Como já foi explicado por muitos estudiosos, o Candomblé / Animismo é uma Religião que cultua fundamentalmente a Natureza. No Brasil, o Animismo ganhou o nome de Candomblé...o Culto ao Orixá, que é a mesma coisa que Culto à Natureza. Porém, podemos explicar resumidamente o Animismo e/ou Candomblé, em três itens:

MITOLOGIA; LITURGIA; LÓGICA PLENA.


MITOLOGIA – O Animismo não criou livros, manuais. Trata-se de “TRADIÇÃO ORAL”. E os antigos africanos, para melhor se fazer entender aos mais jovens, personificou cada força da natureza, cada Orixá. E assim, as passagens de cada um deles, por milênios, foi sendo passada de pai para filho, e assim por diante.


LITURGIA – Os cânticos, os toques e oferendas se baseiam em cada uma das forças elementares da Natureza. Os rituais homenageiam o vento, as águas doces, o mar, a floresta, as pedras, as montanhas, os rios, a chuva, os raios, os trovões, enfim, todo movimento natural. A cada um deles, um procedimento litúrgico e milenar.


LÓGICA PLENA – O Animismo, embora poucos se atenham a este detalhe, se baseia na lógica, que difere completamente do mito. O Animista ensina que fazemos parte da Natureza e, por assim dizer, os Orixás atuam nos mínimos movimentos, sejam externos, no ato de misturar-se condimentos ou no ato de se acender uma fogueira, como no interno, ou seja, no funcionamento de nosso organismo, que sustenta a vida.


A Liturgia sustenta a Mitologia. A Lógica Plena é a função essencial do Animismo/Candomblé. É assim que funciona. Um grande segredo que na verdade está em todo lugar, para todos verem. Basta querer entender.

OS ODÚS E A CRIAÇÃO DO MUNDO

Odu quer dizer destino, signo, karma...

Olorun, o Deus Todo Poderoso, criou para este Planeta 16 odus principais, ou seja, 16 destinos possíveis. Cada um dos principais desdobra-se em 16, chamados de Omo-Odu, perfazendo um total de 256 odus. Cada um dos odus principais vai delinear uma situação, um objetivo, virtude e defeito. A Lógica desses 16 odus diz que cada um deles foi criado para dar corpo aos adjetivos bom, mau, feio, bonito, forte, fraco, triste, alegre e assim por diante, influenciando diretamente no comportamento de tudo aquilo que tem vida. Cada um deles carrega consigo um ponto de explicação determinado, assim definido:

Okanran – A Insubordinação

Eji-Okô – A Dúvida

Etá-Ogundá – A Obstinação

Irosun – A Calma

Oxé – O Brilho

Obará – A Riqueza

Odi – A Violência

Eji-Olíne – A Intranqüilidade

Ossá – A Alienação

Ofun – A Doença

Owanrin – A Pressa

Eji-Laxeborá – A Justiça

Eji-Ologbon – A Meditação

Iká-Ori - A Sabedoria

Ogbé-Ogundá – O Discernimento

Alafiá – A Paz

Os estudos sobre a Mitologia inca dizem que o 4 é o número de fixação, o número energético, o número magnético do planeta Terra. Este número multiplicado por ele mesmo, resulta 16, coincidentemente a mesma quantidade de odus principais, coincidência igual à questão da criação do mundo, segundo os nagôs. Para eles o mundo teria sido criado em 4 dias. Quatro também é a semana ioruba, ou seja, nagô, Olorun, então, teria criado quatro odus por dia, danto um total de 16, em quatro dias:

1º dia: Okanran, Eji-Okô, Etá-Ogundá e Irosun.

2º dia: Oxé, Obará, Odi, Eji-Okíle.

3º dia: Ossá, Ofun, Owanrin e Eji-Laxeborá.

4º dia: Eji-Ologbon, Iká-ori, Ogbé-Ogundá e Alafiá.

Desta iniciativa de Olorun, de criar 16 destinos possíveis, conclui-se que seu objetivo foi proporcionar personalidade a tudo a que ele mesmo deu vida, dar capacidade de comportamento a estes seres, uma vez que sabemos que tudo aquilo que tem vida, seja animal ou vegetal, tem a regência de um Odu, melhor, tem o seu destino delineado previamente.

Falamos de animais e vegetais mais confortavelmente. Deixemos por ora os minerais em compasso de espera, uma vez que os estudos sobre estes ainda não estão concluídos.

Olorun, através de suas divindades trabalhadores, de seus Arcanjos, fez o mundo. Criou a Terra, a Água, o Ar e o Fogo, os 4 elementos da Natureza (novamente confrontamo-nos como o número 4). E os elementos provenientes destes quatro elementais formaram as demais coisas vivas deste planeta.

Atribui-se a cada elemento principal quatro odus, ou seja, quatro destinos a eles ligados, que estariam assim distribuídos:

Terra – Irosun, Obará, Eji-Laxeborá e Iká-Ori.

Água – Eji-Okô, Oxé, Ossá e Eji-Ologbon

Ar – Eji-Oníle, Ofun, Ogbé-Ogundá e Alafiá.

Fogo – Okanran, Etá-Ogundá, Odi e Owanrin.

Voltamos à criação do mundo e dos odus na semana ioruba. No primeiro dia, foram criados os seguintes ogus: de Fogo (Okanran); Água (Eji-Okô); novamente o Fogo (Etá-Ogundá) e Terra (Irosun). No segundo dia Olorun criou mais quatro odus> Água (Oxé); Terra (Obará); Fogo (Odir) e Ar (Eji-Oníle). No terceiro dia foram criados os odus: Água (Ossá); Ar (Ofun); Fogo (Owanrin) e Terra (Eji-Laxeborá). No último dia, Olorun ratou da criação dos odus: Água (Eji-Ologbon); Terra (Iká-Ori); Ar (Ogbé-Ogundá) e novamente Ar (Alafiá).


A Lógica diz que cada um dos quatro odus criados por dia, corresponderia a cada um dos elementais, isto, de fato, aconteceu no segundo e terceiro dias como pode ser visto, mas houve mudanças, tanto no primeiro dia de criação, quando foram criados dois elementos Fogo, como no último dia, onde o elemento Ar aparece também duas vezes.

Por coincidência, isto veio a determinar os dois pólos de Panteão dos Orixás, onde aparecem: (a) Exu, como primeiro pólo, princípio ativo da vida, primeira chama do Universo, cujo elemento é o Fogo; e (b) Oxalá, que é o elemento último da corte dos orixás, princípio ativo da morte, o último suspiro de vida, cujo elemento é o Ar.

A Lógica da criação do mundo, segundo os sábios africanos tem, assim, bastante clareza, pois Olorun criou os odus, quatro por dia, em quatro dias, perfazendo 16 odus. Se levarmos com conta o provérbio “onde há fogo, há vida”, veremos que foi necessário a criação de dois odus ligados ao elemento Fogo, logo no primeiro dia, para que a vida tivesse força, melhor dizendo, para que o Fogo fosse o elemento de grande força de impulsão da vida. Olorun, então, deu equilíbrio de forças nos dois dias subseqüentes, criando odus ligados aos quatro elementais da natureza e, por fim, terminou no quarto dia criando os quatro odus, dois deles, entretanto, ligados ao elemento Ar, o que determinaria a força que se esvai. Explicando melhor: Ar, último suspiro de vida. Dois elementos Ar, no último dia. É o oposto da criação do primeiro dia. Se o Fogo confirma a vida, o Ar vai confirmar a morte, o fim da vida. Por este motivo é que Exu, o primeiro Orixá a ser criado, é o elemento Fogo, ligado à fecundação, ao princípio da vida, e que Oxalá, o último Orixá a ser citado, é o elemento Ar, ligado ao brando que é o luto, morte, o princípio do fim daquilo que vive.

O estudo de Odús no Brasil é restrito a alguns poucos Babalorixás e Yalorixás (Zeladores de Orixás), assim como a Oluwôs (chamados de videntes, ancião, manipuladores dos Búzios e Opelé-Ifá – que é outro tipo de oráculo). Mas com certeza, nascemos e vivemos sob a Numerologia dos Odús, sob sua influência...isso é certo!

Texto extraído do livro:

“OS ORIXÁS E O SEGREDO DA VIDA”

De Mario Cesar Barcellos

Pallas Editora - RJ